Das nove praias de João Pessoa, seis têm ocupações irregulares. Foi o que revelou o secretário de Desenvolvimento Urbano da Capital (Sedurb), Lucius Fabiani. A Praia do Bessa, que terá oito barracas retiradas da beira-mar a partir da próxima semana, logo sairá da estatística. No entanto, as praias do Seixas, Penha, Jacarapé, do Sol e Barra de Gramame ainda possuem quiosques em áreas impróprias da orla. Após o reordenamento da praia do Bessa, a Praça de Iemanjá, no Cabo Branco, e a Praça do Sol Nascente, no Seixas, devem ser os próximos beneficiados pelo Projeto Orla.
Através do Projeto Orla, do Governo Federal, as praias de Manaíra, Tambaú e Cabo Branco já tiveram o reordenamento iniciado, com a retirada de barracas de locais irregulares. Do Hotel Tambaú até a Praia do Cabo Branco, só restam a padronização de quiosques de 16 ilhas para completar o trabalho no local. Na praia do Bessa, a vegetação nativa será restaurada nos locais onde havia as oito barracas. “Após o restauro da vegetação nativa, a intervenção no Bessa vai continuar do Mag Shopping até o Iate Clube, onde serão construídos calçadinha, ciclovia e uma rua de areia, ao invés de calçamento. Já enviamos relatório de impacto ambiental para o Ministério Público e estamos aguardando a liberação do órgão para iniciarmos o processo licitatório”, afirmou o secretário da Sedurb, Lucius Fabiani.
Na Praia do Seixas, onde a situação é bastante preocupante, o secretário afirmou que o projeto prevê a relocação das barracas para a Praça do Sol Nascente, que será revitalizada. “No reordenamento do Seixas, os comerciantes cadastrados serão realocados para a praça, que também vai ter um anfiteatro, praça de alimentação e um monumento ao sol. É um projeto muito bonito e tenho certeza de que vai atrair muitos turistas e os pessoenses terão mais uma alternativa de lazer”, afirmou Lucius Fabiani.
Entretanto, o projeto do reordenamento do Seixas e da revitalização da Praça de Iemanjá ainda dependem da aprovação da Caixa Econômica Federal para que a licitação seja aberta e, por isso, não há previsão para o início das obras.
Comerciantes aguardam intervenções – As intervenções previstas para a Praia do Seixas, em João Pessoa, são ansiosamente aguardadas pelos comerciantes do local, pois, além de lidarem com a ocupação irregular do espaço público, há a questão do avanço do mar. De acordo com o proprietário da Palhoça do Zito, José Carvalho Sobrinho, ele já teve de recuar a barraca pelo menos 30 metros da localização original. “O mar avança mesmo e o que resta é recuar as barracas. Nós queremos que o projeto chegue aqui logo. Essa calçada, por exemplo, nem precisa mais do mar para cair, só com a ação do vento ela já cai e isso nos deixa muito preocupados”, afirmou.
A presidente da Associação dos Barraqueiros da Praia do Seixas, Maria do Socorro, contou que desde 1996 os proprietários de bares do local se reuniram e fizeram um projeto para organizar os quiosques. “Nós apresentamos o projeto à prefeitura e ele teve algumas modificações, mas a nossa intenção é organizar a praia e proteger a vegetação nativa e por isso nos organizamos há 15 anos. Queremos que, além de uma orla organizada e protegida, a barreira também seja protegida”, afirmou.
Projeto Costa do Sol – O secretário da Sedurb afirmou que, na próxima semana, deve ocorrer uma reunião com o Governo do Estado na Superintendência do Patrimônio da União (SPU) para tratar da ocupação irregular nas praias da Penha, Jacarapé, do Sol e Barra de Gramame. “Nós discutiremos em conjunto com o Governo do Estado para definir as próximas ações em relação a essas praias. Nós queremos definir nossas ações em harmonia com as diretrizes do Projeto Costa do Sol. Nossa previsão é de que, a partir do segundo semestre do próximo ano, nós já possamos revitalizar as áreas destas praias onde têm ocupação imprópria de barracas. Tem praias em que a situação é tão grave que as barracas são praticamente dentro da água e temos de impedir isso”, alegou.
A comerciante Maria Oscarina da Silva tem uma barraca na praia da Penha há 25 anos e teme o futuro dela. “Sei que estou num local inadequado, mas não tenho onde ficar. Além do meu trabalho, essa barraca é a minha casa e, se eu sair daqui, não terei onde morar e nem onde trabalhar, por isso tenho medo do que pode acontecer com quem trabalha aqui”, afirmou.