ECONOMIA AMERICANA PODE PERDER ATÉ 10% DO PIB POR CAUSA DO AQUECIMENTO GLOBAL

Segundo relatório do United States Global Change Research, perdas são da ordem de centenas de bilhões de dólares por ano

O maior e mais letal incêndio da história da Califórnia, em 2018, matou ao menos 42 pessoas e destruiu quase 8 mil construções (Foto: Getty images)
O MAIOR E MAIS LETAL INCÊNDIO DA HISTÓRIA DA CALIFÓRNIA, EM 2018, MATOU AO MENOS 42 PESSOAS E DESTRUIU QUASE 8 MIL CONSTRUÇÕES (FOTO: GETTY IMAGES)

Há quem ainda pense que os efeitos mais graves da mudança climática do planeta só serão sentidos pelas futuras gerações.

As provas de que os danos já estão acontecendo e causando grandes prejuízos estão no último relatório do United States Global Change Research, programa que produz estudos oficiais sobre a transformação do clima na economia americana.

As perdas são da ordem de centenas de bilhões de dólares por ano e podem representar 10% do PIB até o final do século. Os estudos são entregues para a presidência e órgãos legislativos para auxiliar na criação de políticas públicas.

A pesquisa envolve 13 órgãos, como os departamentos de agriculturacomérciosaúdetransporte energia. Eis alguns exemplos dos setores mais afetados e das oportunidades de negócios que podem contribuir para amenizar a situação.

O INUNDAÇÃO DE UM PARQUE NO BROOKLYN DEPOIS DA PASSAGEM DO FURACÃO SANDY POR NOVA YORK, EM 2012 (FOTO: SPENCER PLATT/GETTY IMAGES)

CRISE E OPORTUNIDADE

Alguns setores em que as mudanças climáticas estão causando prejuízos nos Estados Unidos e os novos negócios que apresentam soluções

SAÚDE
– Altas temperaturas podem levar à exaustão por calor e aumentar a incidência e gravidade de doenças respiratórias. Enchentes e calor facilitam a propagação de dengue, chikungunya e zika. Cresce também o risco de contaminação alimentar

– 500 milhões de horas de trabalho devem ser perdidos até 2100 devido a faltas de funcionários que passam mal durante ondas de alto calor

– Vacinas, remédios e novos tratamentos que minimizem o aumento de resistência de microrganismos patológicos. Aplicativos com programas educativos e dispositivos que monitorem sinais vitais afetados pelo calor. Sistemas de controle da umidade em ambientes fechados

IMÓVEIS

– A erosão costeira custa por ano cerca de US$ 500 milhões aos cofres públicos. Inundações resultantes de furacões são cada vez mais frequentes devido ao aquecimento do oceano. Secas severas aumentam significativamente o risco de incêndios

– US$ 507 bilhões em imóveis devem estar submersos até o fim do século com a elevação do nível dos oceanos e as enchentes

– Algoritmos mais precisos de previsão de clima. Mapas de calor para prever o curso da água das chuvas. Sistemas de gerenciamento de risco para tornar os seguros mais acessíveis e tecnologias de construções mais resistentes a enchentes, fogo e vento

AGRICULTURA

– Mudanças nos padrões de chuva associadas a altas temperaturas aumentam a proliferação de incêndios, destroem reservas de água e favorecem a disseminação de pestes. A crescente evaporação interfere no ciclo de chuvas e na polinização

– 75% deve ser a redução da colheita de milho nas próximas décadas

– Melhoramento genético para desenvolver plantas mais resistentes a altas temperaturas. Técnicas de irrigação que desperdicem menos água e novas técnicas de polinização que não dependam totalmente da natureza. Sistemas de irrigação inteligente

TRANSPORTE

– Tempestades cada vez mais frequentes e mais severas causam inundações e aumentam o risco de acidentes. Em 2017, seis vias cruciais do sistema rodoviário americano ficaram interditadas durante semanas. Até 4,6 mil pontes estarão ameaçadas até 2050

– US$ 135 bilhões serão perdidos com atrasos de cargas e passageiros em 2020 devido a contratempos ligados a mudanças climáticas

– Aplicativos de micromobilidade para integrar o percurso de trem, metrô e ônibus das pessoas até o trabalho e suas casas a fim de retirar boa parte dos carros das ruas. Sistemas inteligentes que otimizem os horários de integração entre os diversos modos de transporte

Fonte: 4º Relatório do United States Global Change Research e reportagem de Época Negócios