Município lançará edital para definir pontos que serão reparados por causa do avanço do mar
A obra já recuperou 5,8 km de orla, e a faixa de areia aumentou de 30 a 40 metros. Foto: Bruna Monteiro/ Esp. DP (Arquivo) |
Três anos depois da conclusão dos primeiros trechos da engorda de 5,8 km da orla de Jaboatão dos Guararapes, o município terá que refazer algumas partes da obra. Na área localizada nas proximidades do Hotel Monza, em Barra de Jangada, por exemplo, a água voltou a bater nas construções à beira-mar. O trecho fica perto da foz do Rio Jaboatão, quase no limite com o Cabo de Santo Agostinho.
A Prefeitura de Jaboatão informou que vai lançar, na quarta-feira, o edital de licitação de um estudo de batimento (levantamento feito a cada 100 metros da orla) para saber onde há areia acumulada a 1 km de distância da praia. O prazo de execução é de cinco meses.
A partir do estudo, a gestão municipal vai definir os trechos que precisam passar por novas intervenções. “Consideramos que a obra foi de grande êxito, mas sempre existiu a perspectiva de que alguns pontos precisariam ser observados. Criamos um grupo de monitoramento (formado por 10 profissionais de áreas como biologia e oceanografia) para continuar observando a engorda. Esse é um trabalho que precisa continuar nas próximas gestões”, destacou o secretário-executivo de Pavimentação e Drenagem de Jaboatão, Roberto Rocha.
Frequentadora da Praia de Piedade, a manicure Luciana Cajazeiras, 35, observou que a engorda mudou a rotina na orla da cidade. “Tem mais gente, mais espaço para as crianças brincarem. Mesmo depois desses anos, continua bom”, disse, num trecho próximo ao Hotel Dorisol. Já a psicóloga Ludmilla Corrêa, 35, acredita que, mesmo com as melhorias, cuidados com a orla ainda são necessários. “É possível notar que o mar avançou em algumas partes. Apesar disso, avalio positivamente porque os imóveis valorizaram muito depois da obra”, disse a moradora da orla de Candeias.
A engorda de Jaboatão teve investimento de R$ 41,5 milhões, com recursos do Ministério da Integração Nacional e do município. A obra recuperou 5,8 km de orla, e a faixa de areia aumentou de 30 a 40 metros. Por nota, a prefeitura do município informou que executa um trabalho permanente de manutenção e monitoramento da praia, além de programas complementares, como controle da qualidade da água e balneabilidade, gerenciamento de resíduos sólidos, da qualidade do ar, de educação ambiental, otimização de transportes terrestres e um plano de segurança nas praias.
O projeto de engorda começou em janeiro de 2013. A areia usada veio do alto mar, a 2 km da praia de Pedra do Xaréu, no Cabo de Santo Agostinho. A draga trabalhou 24 horas, fazendo quatro viagens por dia para recolher os sedimentos. Quando a maré sobia, a máquina descarregava a areia com a ajuda da tubulação de dois quilômetros de comprimento. Uma parte ficava dentro da água e a outra jogava a areia na praia.
A engorda na orla de Jaboatão
5,8 km de orla passaram pela engorda
30 a 40 metros foi o ganho na faixa de areia
R$ 41,5 milhões foram investidos
R$ 41,5 milhões foram investidos
O que já melhorou…
170 mil turistas a mais em toda a orla anualmente
34 ruas entre a Avenida Bernardo Vieira de Melo e a orla foram pavimentadas
O que precisa passar por melhorias…
Um trecho nas proximidades do Hotel Monza, por exemplo, já voltou ao estado pré-engorda
Moradores e banhistas cobram melhorias nos calçadões
*Recursos do Ministério da Integração Nacional e do município
Fonte: Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
Recife e Olinda buscam recursos
A engorda da orla. Um estudo de Monitoramento Ambiental Integrado, da UFPE em 2008, indicava a realização de intervenções nas praias do Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão. Oito anos depois, apenas as administrações paulistense e jaboatonense realizaram obras. Enquanto Jaboatão fez a engorda de 5,8 km da orla, Paulista optou pela técnica de bagwall; barreira artificial semelhante a uma arquibancada que dissipa a força das ondas e protege a costa.
Sobre o projeto de engorda da Praia de Boa Viagem, a Prefeitura do Recife, por meio da Empresa de Urbanização do Recife (URB), informou que ainda está em fase de captação de recursos federais para a execução da obra. A gestão municipal esclareceu que a Emlurb realiza constantemente o monitoramento e a manutenção do enrocamento das pedras que fazem a contenção do mar de Boa Viagem. O valor gasto na ação é de cerca de R$ 1,8 milhão por ano. São aproximadamente 2,5 km de extensão, no trecho entre a Pracinha de Boa Viagem e o Edifício Castelo Del Mar.
O projeto prevê a recomposição de 5 km da faixa de areia da orla, da Avenida Armindo Moura à Rua Bruno Velozo. A engorda, orçada em R$ 66 milhões, irá cobrir toda a extensão do paredão de pedras existente na área de maior erosão marinha. Já a Prefeitura de Olinda informou que o projeto executivo, realizado pelo governo do estado e pela UFPE, prevê a engorda das praias de Casa Caiada, Bairro Novo e parte da Praia do Farol.
Em Paulista, a obra de contenção do avanço do mar aconteceu nas praias do Janga, Pau Amarelo e Conceição. O bagwall, feito com sacos biodegradáveis preenchidos de concreto, foi instalado por 4 km. “O diferencial é que, além de estancar a erosão costeira, devolvendo a praia aos banhistas, a técnica não exige grandes investimentos em manutenção, como a engorda. Para executar o bagwall, a prefeitura captou R$ 28 milhões junto ao Ministério da Integração Nacional.
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