PRAIA DE ITAPOÁ: DRAGAGEM X EROSÃO COSTEIRA. QUAL A SOLUÇÃO?

Artigo de Marco Lyra, estudioso e especialista em recuperação costeira, convidado do Porto de Itapoá e GAZETA, que vai aportar em nossa cidade em breve e nos ajudará a buscar uma solução definitiva para a erosão de nossa orla e sua devida recuperação.

Mesmo sem vir a nossa cidade, Marco vem realizando, em parceria com a GAZETA, um estudo sobre a situação de nossa orla. Porém, em poucos dias, teremos a presença do engenheiro em nossa cidade, que virá através de convite realizado pelo Porto de Itapoá, para nos mostrar as soluções que considera viáveis para reverter a erosão em toda a orla de Itapoá.

De acordo com o excelente artigo de Werney Serafini recentemente publicado neste Site, onde deixa bem claro que após a construção do Porto de São Francisco do Sul, observou-se a partir de 1980 que o processo erosivo na região de Itapoá acelerou-se, destruindo patrimônios públicos e privados ao longo de 22 anos.

Em 2002, a prefeitura de Itapoá resolveu contratar o laboratório LECOST que na época levantou a hipótese da erosão costeira ter ligação com a dragagem do porto de São Francisco do Sul.

Em 2004, os proprietários dos imóveis que na tentativa desesperada de proteger seus respectivos patrimônios começaram a construir gabiões e muros de contenção, foram alvo de ações judiciais do Ministério Público Federal.

A pressão da população levou a Prefeitura a contratar novo estudo junto ao laboratório LECOST, desta feita solicitando a indicação de medidas preventivas. O resultado desse estudo foi à ratificação da hipótese da dragagem do canal do porto interferir no processo erosivo, com recomendações para ações imediatas e monitoramento da área afetada.

Quando da realização de nova dragagem no canal do porto, o órgão licenciador no caso o IBAMA, exigiu da administração do porto um estudo técnico para alargamento da faixa de praia utilizando à areia proveniente das dragagens.

O estudo foi concluído em agosto de 2010, onde ocorreu o reconhecimento de que as dragagens para desassoreamento e manutenção do canal de navegação do porto contribuem significativamente com a erosão das praias, indicando como uma opção o possível aproveitamento dos sedimentos retirados do canal para obras de engordamento artificial de praia.

Apesar de passados 30 anos sem que nenhuma ação de controle da erosão costeira nas praias de Itapoá, os estudos já realizados são de grande importância para encontrar a solução do problema.

De acordo com o Manual de Engenharia Costeira dos EUA (CEM), que é considerado uma referência para qualquer projeto de engenharia costeira, quando da elaboração de um projeto para controle de erosão costeira é preciso responder a duas perguntas:

Qual o problema?

Qual é exatamente a o projeto que se está tentando realizar?

No caso de Itapoá a primeira questão já está resolvida. O problema da erosão costeira acentuada é devido à dragagem do canal do porto. A segunda questão de acordo com o que foi feito até agora seria a mesma resposta dragagem para engorda artificial das praias. Apesar da aparente contradição da segunda resposta, pois nesse caso o problema apontado também pode vir a ser a solução é preciso aprofundar a questão.

Para se obter um bom projeto de proteção costeira é preciso antes de optar por uma solução de engenharia, avaliar o custo – benefício do investimento a ser feito, levando em consideração de forma concomitante os seguintes itens: a disponibilidade do material, o impacto ambiental, o custo da obra, a durabilidade e o custo de manutenção. A exclusão de um desses itens na escolha do projeto há sério risco de jogar dinheiro ao mar.

A escolha do projeto final deve ser feito de forma participativa através de Audiência Pública, com a participação de todos os atores envolvidos na questão, principalmente a população local, onde devem ser apresentadas as alternativas das obras de engenharia que poderão ser viáveis para que a intervenção seja eficiente.

É preciso distinguir o que emergência e o que não é emergência, já se passaram 30 anos e o processo erosivo em Itapoá não está controlado, levando prejuízos ao patrimônio público, privado e ambiental. É preciso ação para controlar a erosão costeira em áreas urbanizadas.

Fonte: http://www.gazetadeitapoa.com/Compartilhar

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