ENCONTRO NO RECIFE (PE) DISCUTE EROSÃO E PREPARA PARA FÓRUM MUNDIAL

Evento na capital pernambucana é o quinto de sete debates pelo país.
Relatório com principais proposições será levado ao Fórum, em novembro.

Erosão marinha em Olinda (01) (Foto: Luna Markman / G1)
Avanço do mar é registrado em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (Foto: Luna Markman / G1)

Um encontro no Recife na segunda (15) e terça-feira (16) tem o objetivo de debater questões ligadas ao clima e aos oceanos, focando nos problemas da estiagem e da erosão na costa marinha em Pernambuco. O evento será na sede do Campus Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Nordeste, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, e faz parte dos debates preparatórios do Fórum Mundial de Ciência (FMC) 2013. Este ano, pela primeira vez o evento sairá da Europa e acontecerá no Rio de Janeiro, em novembro. A programação do encontro do Recife está disponível no site do evento.

O encontro na capital pernambucana é o quinto de um total de sete debates feitos por todo o país. O professor do departamento de oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Moacyr Araújo Filho explica que a conclusão de todos os eventos preparatórios vai gerar um relatório com as principais considerações e proposições, que será apresentado antes da realização do FMC. “Depois do Recife, acontecerá o encontro em Porto Alegre e o último em Brasília. Cada um desses encontros tem um tema específicos, que irão gerar um relatório, uma contribuição”, disse.

O tema geral do evento recifense é “Clima, oceanos e desenvolvimento”. O professor afirma que a abordagem principal será as dificuldades enfrentadas no Nordeste, em especial Pernambuco.

“Dois grandes problemas serão abordados: primeiro é a questão da desertificação, sobretudo da seca, que tem tudo a ver com os oceanos, porque é uma relação entre eles com a atmosfera, uma interação que influencia o clima do planeta como um todo. O segundo tema é a questão da erosão costeira, que tem um componente antrópico, que é o componente do homem, que avança mar adentro, e o componente da geofísica que, com o aquecimento global, faz com que o nível da água do mar se eleve. Os ventos na borda oeste do Atlântico estão ficando mais intensos também, então temos o mar que aumenta de nível e os ventos que ficam mais fortes, e isso acarreta uma intensificação dos processos erosivos”, explicou.

Sobre como solucionar a erosão da costa marinha no estado, Moacyr afirma que o encontro pretende contribuir para a fomentação de ideias e estudos para serem analisados pelas autoridades. “O grande desafio é transformar a contribuição científica em sumo para os elaboradores de políticas públicas, para conter de alguma maneira toda essa ocupação na região costeira, a questão da manutenção dos manguezais, a preservação dos recifes, que são a primeira proteção da linha de costa, tudo isso é possível de ser incentivado através de políticas públicas. O objetivo principal é fornecer subsídio para os gestores”, enfatizou o professor.

Moacyr Araújo lembra ainda que obras para conter o avanço do mar na costa litorânea devem continuar a acontecer para que o problema não progrida. “Isso é um processo que não é da noite para o dia, é feito gradualmente e já existe em Pernambuco. Dos 187 km de costa do estado, em praticamente 50% já existem obras de contenção de problemas de erosão, como píeres montados na frente das casas na costa, por exemplo. É importante ressaltar que o problema existe, não é catastrófico agora, mas é um desafio real, do dia a dia, principalmente na costa da Região Metropolitana do Recife, onde a situação é mais crítica”, finalizou.