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O ministro do Ambiente avançou ao DN que vão ser demolidas 81 construções na ilha da Culatra, 60 das quais até ao final de outubro
O presidente da Câmara de Faro disse estaquinta-feira à Lusa que a decisão agora anunciada pelo Governo de avançar, até ao final de outubro, com mais demolições na ria Formosa foi tomada sem consultar os autarcas da região.
“O senhor ministro tinha dito que não tomaria nenhuma posição sem ouvir os autarcas”, referiu Rogério Bacalhau, acrescentando que foi chamado a uma reunião no Ministério do Ambiente, na segunda-feira, “para alegadamente dialogar”, mas afinal foi-lhe comunicada “uma decisão que já estava tomada”.
O ministro do Ambiente avançou ao DN que vão ser demolidas 81 construções na ilha da Culatra, 60 das quais até ao final de outubro.
A ilha é composta por três núcleos – Culatra, Farol e Hangares – e a gestão administrativa é da responsabilidade da Câmara de Faro.
Na terça-feira, em comissão parlamentar, João Matos Fernandes reafirmou que iriam ser demolidas casas na ria Formosa, mas recusou-se a avançar com datas, dizendo aos deputados que estava a ser feita uma análise “caso a caso”.
Rogério Bacalhau disse à Lusa que existe uma “incoerência total” na atuação da administração do território relativamente a esta área da ria Formosa, “onde não há riscos ambientais”, sublinhando não compreender porque é que umas construções “ficam numa situação e outras noutra”, pelo que deveria haver um “critério uniforme”.
Para o autarca social-democrata, a justificação de que as construções estão em domínio público marítimo não é suficiente, pois há casas que vão manter-se nessa área, havendo ainda o caso da Armona, em Olhão, cuja zona poente foi desafetada e concessionada ao município em 1983, por 30 anos, renováveis automaticamente por 10 anos se não for denunciado dois anos antes do seu término.
“Não tenho nenhuma solução jurídico-administrativa em cima da mesa, continuo a dizer que todos os núcleos deviam ser requalificados, à semelhança do que vai acontecer no núcleo da Culatra”, frisou, defendendo que a mesma solução seja aplicada nos núcleos do Farol e dos Hangares.
Rogério Bacalhau referiu ainda que o ideal era requalificar toda a zona, em vez de “renaturalizar”, uma vez que “a preservação do ambiente é conciliável com a existência de construções”.
O núcleo da Culatra terá obras de requalificação de 1,5 milhões de euros, ao abrigo de um Projeto de Intervenção e Requalificação (PIR), que permitirá regularizar as edificações destinada à primeira habitação, equipamentos de utilização coletiva e construções de guarda de aprestos.
As notificações da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa enviadas aos proprietários das construções sinalizadas para demolição, datadas de 27 de setembro, intimam-nos a retirar os bens das habitações até 26 de outubro, a fim de executar a demolição, “sem custos para o interessado” em 27 de outubro, entre as 09:00 e as 17:00, no caso do núcleo do Farol.
Fonte: DN